Compatibilidade Sanguinea

Prova cruzada e tipificacao

Estas provas podem ser realizadas no Labovet mediante o envio de um tubo de EDTA com 1 ml de sangue total. A tipificação sanguínea identifica o tipo de antígeno presente na membrana das hemácias. A tipificação dos receptores deve ser realizada, de forma a administrarmos sempre sangue compatível e evitarmos reações transfusionais. Os cães DEA 1.1 negativo ou cães não tipificados devem receber sangue DEA 1.1 negativo. Já os cães DEA 1.1 positivo poderão receber qualquer tipo de sangue da mesma espécie.

A prova cruzada não identifica o grupo sanguíneo mas testa incompatibilidades sorológicas, isto é, detecta a presença in vitro de níveis significativos de anticorpos contra os antígenos eritrocitários passíveis de induzir hemoaglutinação ou hemólise. A prova cruzada maior detecta anticorpos no plasma do receptor contra os hemácias do doador. A prova cruzada menor detecta anticorpos no plasma do doador contra os hemácias do receptor. O resultado de incompatibilidade manifesta-se pela aglutinação ou lise dos hemácias. A ausência destas ou a formação de rouleaux indicam a existência de compatibilidade. Uma prova cruzada maior incompatível é da maior importância, visto indicar que as hemácias transfundidas vão ser destruídas pelos anticorpos do plasma do receptor, causando uma reação hemolítica aguda potencialmente fatal. Uma prova cruzada menor incompatível é menos relevante visto o volume de plasma do doador se diluir no receptor podendo, no entanto, ocorrer reações adversas, principal no caso de transfusões de sangue total ou plasma de gatos tipo B e gatos tipo A.

Sistema DEA (cão)

Estão descritos sete grupos sanguíneos principais no cão, cada um deles identificado com a sigla DEA (dog erythrocyte antigens), seguida dos números 1.1, 1.2, 1.3, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Um cão pode apresentar ou não cada um dos antígenos referidos, classificando-se como positivo ou negativo. Os grupos sanguíneos que comprovadamente podem provocar reações hemolíticas agudas são o DEA 1.1 e 1.2, no entanto só está provada a importância clínica do primeiro. Os antígenos DEA 3, 5 e 7 poderão induzir reações retardadas e menos exuberantes. Quatro dias após a primeira transfusão de sangue DEA 1.1 positivo a um receptor negativo, desenvolvem-se anticorpos anti-DEA 1.1 passíveis de induzir uma reação retardada, que pode conduzir à destruição prematura extravascular das hemácias infundidas. Nas transfusões seguintes com sangue DEA 1.1 positivo, o receptor já estará sensibilizado, podendo desenvolver de imediato uma reação hemolítica grave. Esta sensibilização só poderá ocorrer por transfusões anteriores. Está estimado que 25% das transfusões primárias aleatórias induzem a produção de anticorpos anti-DEA 1.1. Os cães apresentam anticorpos naturais apenas contra os antígenos DEA 3, 5 e 7. Apesar destes não induzirem hemólises agudas graves, poderão surgir algumas reações retardadas, obrigando a monitorização mesmo na primeira transfusão.

Sistema AB

Nos gatos existem 3 grupos sanguíneos - A, B e AB. Estes apresentam sempre algum dos antígenos e todos eles induzem reações transfusionais pelo fato de que não há animais considerados dadores universais. Além disso, os anticorpos estão presentes naturalmente nos gatos a partir dos três meses de vida, não necessitando de uma exposição prévia a antígenos para se formarem. Os gatos tipo B têm anticorpos anti-A em grandes títulos e com grande poder de ligação aos antígenos A. Estes anticorpos são responsáveis pelas reações transfusionais muito exuberantes. Uma transfusão de 1 ml de sangue tipo A a gatos tipo B pode causar uma reação fatal, mesmo sem sensibilização prévia. Os gatos do grupo A têm anticorpos anti-B em pequenos títulos e com fraco poder antigênico, não chegando a induzir reações hemolíticas graves. No entanto, as reações retardadas poderão diminuir o tempo de vida das hemácias transfundidas (de 39 dias para 5-7 dias) e originar sinais moderados de anemia hemolítica.